Recomendado para quem é fã da Jane Austen. Mas, caso seja um fã hardcore, não leia. ( )

O livro de Orgulho e Preconceito, de 1813, é considerado uma das grandes romances da lígua inglesa. No entanto, os críticos sempre apontaram que, apesar da obra ser primorosa no uso do discurso indireto livre e no retrato da sociedade britânica do início século 19, sempre faltou um pouco de zumbis na narrativa. De fato, uma leitura atenta aponta que não existe uma só menção aos mortos-vivos em toda a história de buscas de casamentos vantajosos escrita por Jane Austen! Em Pride and Prejudice and Zombies o escritor Seth Grahame-Smith se propõe a completar essa lacuna, modificando o texto o mínimo possível para que a história se passe em meio a uma infestação ultraviolenta de zumbis. Como se lê na parte de trás do livro: “transformar uma obra-prima da literatura mundial e algo que você gostaria de ler”.

Na história, o Sr. Bennet insistiu que todas as suas filhas fossem treinadas nas artes marciais por monges Shaolin, o que causa certo atrito com a família do Sr. Darcy, que prefere a tradição japonesa de combate. Não pude deixar de rir sozinho quando Lady Catherine, lendária caçadora de zumbis, esnoba Elizabeth afirmando que “é uma pena que a sua família não dispôs dos meios para garantir uma educação marcial apropriada em Kyoto”. O livro transforma a protagonista Elizabeth em uma espécie de Buffy do século 19, como vemos no trecho em que ela elimina de olhos vendados três ninjas de Lady Catherine.

Tenha em mente que para Ler Orgulho e Preconceito e Zumbis você precisa gostar de Orgulho e Preconceito. Segundo o autor, cerca de 85% do original foi mantido intacto e eu diria que o livro funciona muito mais como uma piada interna para amantes de Jane Austen com um bom senso de humor do que os apreciadores de histórias de horror, uma vez que ainda existe *muito* palavrório sobre os jogos de gato e rato das moçoilas buscando seus pares românticos.

No final, achei que parte do potencial do livro foi desperdiçado devido à execução, que não me empolgou muito. Em parte pelo excesso de Jane Austen, que, além de não ser lá muito a minha praia, podia ter sido melhor integrado na história. As saídas que Seth Grahame-Smith usou para tanto são inteligentes em certos momentos, mas boa parte das vezes o humor é meio adolescente no mal sentido. Pelas resenhas que li no LibraryThing e na Amazon, essa parece ser uma queixa comum entre os leitores.

Do ponto de vista do marketing, o livro foi uma jogada de mestre, atingindo a terceira posição na lista de bestsellers do NY Times. Isso garantiu, por incrível que pareça, que o autor embolsasse nada menos do que meio milhão de dólares e ainda fechasse contratos para uma adaptação para o cinema e o anúncio de duas continuações no mesmo estilo. A próxima: Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros. ( )