Dentro de alguns (poucos) anos as ideias de Milton Friedman serão postas na mesma prateleira onde sempre estiveram as de Thomas Moore - utopias! A habilidade de Friedman em encontrar defeitos nos sistemas não capitalistas, tem por origem a sua cegueira em ver os defeitos do sistema capitalista. Friedman viveu o suficiente para ver as consequência da aplicação das suas ideias: viu apenas benefícios porque preferiu ignorar onde as suas ideias geraram desigualdade e miséria.
Para Friedman a liberdade individual e a garanti da propriedade são o pressuposto fundamental para uma sociedade mais justa e mais igualitária. Para ele não há qualquer dever colectivo ou social; consequentemente, logo não haverá autarquias e ainda amenos nações. Para Friedman qualquer poder comum, público, que não possa ser corrompido com dinheiro, é um poder que só fará mal. A quem? pergunto eu.
Na página 156 é defendido o fim da concripção e a profissionalização das forças armadas, preferencialmente através de empresas privadas. Ponto de vista de americano rico que pode pagar a milhares de soldados estrangeiros para morrerem em defesa dos interesses do capital americano. Caso, por exemplo a China, invadisse os EUA, continuaria Friedman a defender que não era um dever de todo o cidadão americano defender de armas na mão o seu país, o seu povo, a sua sociedade ?
Não Friedman não me convenceu. As suas ideias são demasiado individualistas para que deles resulte uma sociedade justa e equilibrada. Friedman parece esquecer-se do egoísmo inato do ser humano. Só a lei e as regras põem travão a esse egoísmo.
Finalmente, a sua defesa de não regulamentar os mercados financeiros, não é uma ideia que obedeça ao princípio da universalidade, mesmo no universo das ideias de Friedman. Sobre outros assuntos ele defende alguma regulamentação. Continuarei a ser um opositor das suas ideias mais libertinas que libertárias. ( )