Esta governante, uma heroína fictícia, tem sido das personagens mais inspiradoras na literatura. Ao escrever Jane Eyre, Charlotte Brontë se baseou em incidentes de sua própria vida, fundidos com elementos sobrenaturais e de contos de fadas. Ela entrelaçou memórias de lugares e casas que conheceu e recriou Cowan Bridge, a escola de caridade onde ela e suas irmãs sofreram, 20 anos antes, como Lowood, a infame escola para a qual Jane é enviada nos primeiros capítulos do livro. Um dos primeiros críticos contemporâneos escreveu que a escrita de Charlotte revelava “um conhecimento íntimo das piores partes da natureza humana”. Bronte dedicou o livro a W.M. Thackeray, o genial romancista de Vanity Fair, cujo veredicto foi : ”Algumas das passagens de amor me fizeram chorar, fiquei extremamente emocionado e satisfeito com Jane Eyre.¨ ( )

Eu me dispus a ler esse livro, na verdade fui impelida, graças a leitura incrível que fiz do A Décima Terceira História, no qual ele é incessantemente citado como o preferido das protagonistas da história.
Como ele era sempre citado no livro como um clássico da literatura inglesa, fiquei meio envergonhada por não ter conhecimento da sua existente até então. E comecei a minha cruzada pelo conhecimento da literatura clássica inglesa/americana do séc. XIX. O primeiro que li foi Mulherzinhas ou melhor a sua primeira parte, até descobrir que ele tem uma continuação que pretendo ler agora.

Assim que terminei de ler A Décima Terceira História tratei de procurar o Jane Eyre em português como uma louca. Aliás, eu mal conhecia as irmãs Brönte, e nem sabia nada sobre a Charlotte. Foi bastante difícil de encontrar, e depois de quase 6 meses consegui comprar um edição de bolso desse livro, horrível para ler (essa é uma grande desvantagens dos pocket books) apesar do conteúdo compensar.
Nesse tempo meu marido comprou um Kindle e eu encontrei uma versão em português do livro, e a leitura passou a ser mais confortável, fazendo com que eu conseguisse terminá-lo em 8 dias (e o livro não é pequeno).
Resumindo, o Kindle é lindo!!! :)

Mas voltando ao livro... Estou ainda encantada! A narrativa de Charlotte Brontë (a mais nova das irmãs Brönte) é deliciosa... Eu gosto bastante da fase realista e naturalista da literatura, que ela sabe fazer bem sem chegar a ser cansativa. Me senti olhando para os campos e paisagens inglesas que tanto tenho vontade de conhecer. Um livro cheio de reviravoltas, com uma personagem central considerada por muitos como uma heroína e não é à toa que o seu ranking aqui no librarything seja de 18º!
Adorei a Jane, mas muitas vezes me senti com raiva dela, com vontade sacudi-la para acordar da pasmaceira que o internato impôs a ela e ver de novo renascer aquela criança, que sofria tão injustamente, mas era autêntica, sincera e verdadeira (e que me lembrou em muito a mim mesma naquela idade) e não tinha a suas atitudes aprovadas pelos adultos e crianças a sua volta (semelhança de novo comigo). Mesmo assim, quis em muito momentos ver o fogo da alma de uma criança na moça recatada que ela se tornou...
Digamos que me identifiquei um "pouco" com a personagem, o que me assusta um bocado por saber que essa já é uma obra meio autobiográfica da autora.

Isso me faz pensar que devem haver muitas Janes por aí! Que Deus as ajude... Que elas também tenham a oportunidade de ler Jane Eyre. :) ( )