Mark Evan Bonds

É uma boa introdução, embora, para os fãs, fique faltando algo - talvez os fãs não devessem ler "introduções bem curtas"! De todo modo, há um combate bem sucedido às ideias simplistasde que Beethoven seria um romântico emocionalista, ou que sua presença estaria marcada pela sua carranca, ou que agarraria o destino pelas rédeas de sua surdez transcendendo-a (o que não deixa de ser um pouco verdade - mas os mitos envoltos e até depoimentos são por vezes mentirosos; e além das citações apócrifas, há aquelas absolutamente tiradas de contexto). De fato, a música de Beethoven é de uma variedade bastante grande e interessante, chegando ao surpreendente (os últimos quartetos, obras primas estranhas, ou a missa solemnis, obra pesada e vazia etc). Ela mostra como o sujeito sentiu-se obstinado a compor, sob a égide de um nascente individualismo criativo - a trabalhar a composição e a pensá-la, sobre vários aspectos e com várias abordagens, a partir do tonalismo e sua consolidação, mas também da variação e contraponto, das formas até sua manipulação e tensionamento. Adicionalmente, nas inconsistências amorosas e políticas, vemos alguém que sempre em primeiro lugar, fazia música e se definia e identificava no lugar do desbravador. Mas todo desbravador negocia, e é bom que a introdução também fala sobre momentos de negociação e interesses marginais de Beethoven, incluindo na produção de arranjos e canções (ao meu ver, historicamente dispensáveis). Beethoven, afinal, não é algo imposto por um imperialismo cultural e nem a figura do imperialismo cultural, mas antes de tudo alguém que desde lá até cá encanta corações em épocas e locais tão diversos quanto possível.… (mais)