Foto do autor
5+ Works 6 Membros 2 Reviews

Obras de Paulo Neves

HHhH 1 exemplar(es)
O Vermelho e o Negro 1 exemplar(es)
Metodologia Filosófica 1 exemplar(es)

Associated Works

O espelho de Prospero: Cultura e ideias nas Americas (Portuguese Edition) (1982) — Tradutor, algumas edições17 cópias

Etiquetado

Conhecimento Comum

There is no Common Knowledge data for this author yet. You can help.

Membros

Resenhas

Este livro é fundamental para qualquer aluno que se inicie, ou queira levar mais a sério, os seus estudos acadêmicos de filosofia. Contudo, não sem algumas ressalvas: os autores, ambos franceses, não traem as suas origens, talhando muitas das preocupações metodológicas para o cenário escolar francês. Mas como o trabalho filosófico, por sua natureza, não conhece nacionalidades, os conselhos aqui apresentados são, a grosso modo, universais.

Basta uma leitura rápida do índice que abre o livro para perceber o mapa geral da obra. O leitor, que, naturalmente, se assume como estudante de filosofia, é guiado pelas diferentes técnicas que necessariamente terão de fazer parte da sua caixa de ferramentas filosófica. O índice, esquemático, deixa visível que o conteúdo se encontra dividido em quatro partes. As duas primeiras, fundamentais, estão divididas segundo um padrão binário de seções. Na primeira dessas seções é onde são abordadas as características teóricas das técnicas estudadas, com a segunda se focando na concretização prática dessas mesmas técnicas. Se a primeira diz o que se faz, a segunda diz como se faz. A primeira mapeia, a segunda concretiza.

A primeira parte, intitulada “Os Textos Filosóficos”, incide sobre o conjunto mais básico de técnicas em que se espera competência por parte de qualquer estudante de filosofia. Começando pela muitas vezes negligenciada técnica de “leitura dos textos” filosóficos, passa-se depois para a essencial, mas nem sempre óbvia, distinção entre os exercícios de “explicação” e “comentário de texto”. A subsequente seção prática faz por cobrir cada um dos casos até aí apresentados.

Chegados à segunda parte, o foco passa agora a ser o daquela atividade que será central ao trabalho de estudante sério de filosofia, indicado no título: “A Dissertação Filosófica”. Nela são cobertos os diferentes aspetos técnicos a serem visitados para garantir a competente realização desse exercício. Na subsequente seção prática desta parte, os autores fazem por demonstrar como reproduzir os diferentes passos propostos através da apresentação de bons exemplo concretos.

Na terceira e quarta partes, respetivamente intituladas “Outros Exercícios” e “Instrumentos de Trabalho”, são analisadas outras técnicas e ferramentas que, num ou noutro momento do trabalho filosófico, podem vir a ser muito úteis. A terceira parte incide sobre a distinção entre a “contração” e a “síntese de textos”, incluindo uma segunda seção sobre a mais francesa exigência das provas orais. Já a quarta analisa importantes conceitos lexicais recorrentes ao trabalho filosófico (aquilo que caracteriza e distingue a análise, argumentação, conceito, tema, etc.), oferecendo depois umas sugestivas “[o]rientações bibliográficas”, que, como já referido, refletem mais a experiência francesa dos autores, mas que, ainda assim, e aqui e além, pode ser útil para os estudantes de filosofia independentemente de onde se encontrem.

Como qualquer livro de metologia, focado que necessariamente tem de estar em aspetos muito específicos do trabalho filosófico, este é mais um manual de consulta do que um livro para se ler de capa a capa. Uma vez conhecido o mapa do seu conteúdo, esta obra tem o potencial de se tornar uma referência obrigatória para o aluno de filosofia que procura resolver os problemas específicos que vai encontrando ao longo do seu cotidiano filosófico. Por todas essas razões, e tendo em conta a especificidade do seu tema, recomendo sem reservas este livro.

Antes de fechar, e como nota adicional, é importante sublinhar a qualidade da tradução de Paulo Neves, competente ao ponto de quase nos fazer esquecer que o original se encontra noutra língua.
… (mais)
 
Marcado
adsicuidade | Sep 8, 2018 |
Himmlers Hirn heißt Heydrich: o cérebro de Himmler se chama Heydrich.

Reinhard Heydrich era conhecido como "a besta loura", "o carrasco de Praga", "o homem mais perigoso do Terceiro Reich", "o homem com o coração de ferro" (essa dita pelo próprio Hitler). Ele foi o instigador da Noite dos Cristais e o responsável pela Solução Final. Em 27 de maio de 1942, ele foi ferido em um atentado, o primeiro contra um oficial do alto escalão nazista, e morreu alguns dias depois.

Laurent Binet é fascinado com a história há anos. Há anos ele lê tudo sobre isso que lhe cai nas mãos, viaja para Praga, pensa em escrever um livro. Quando começa, não sabe o que dizer. Ele não sente que está sendo fiel à história se disser que Gabčík e Kubiš, os autores do atentado, vestiram suas jaquetas, conferiram o material e fumaram um cigarro antes de partir para o local escolhido para o ataque. Ele não tem provas de que o tenham feito, embora provavelmente seja a verdade.

Assim, HHhH é escrito dessa forma curiosa, em que se alternam os capítulos sobre Heydrich, Gabčík, Kubiš, e aqueles em que o autor conta os detalhes de como escreve esse livro. Ele conta como descobre os detalhes da trama, sua reação ao ler outros livros ou ver filmes sobre o atentado, suas reflexões sobre a natureza da ficção histórica, e como os leitores já estão acostumados de que ela seja mais ficção que história. É uma reflexão fascinante, e a história também é fascinante. Em certo momento, o autor coloca as datas de quando escreve cada trecho para nos mostrar como a escrita lhe custa. Em outra, corrige o que disse antes, ilustrando perfeitamente como os livros de história tantas vezes mudam.

Em certo momento, o autor fala do recém lançado As Benevolentes, fala de sua leitura e de como lidou com o fato de que outro livro com o mesmo tema estava sendo bem recebido pela crítica e como diminuía as próprias chances. O editor recomendou que o trecho fosse suprimido, assim como a mudança do título - Operação Antropóide soava demais como ficção científica. Aqui o trecho, publicado em um jornal:
http://www.themillions.com/2012/04/exclusive-the-missing-pages-of-laurent-binets...
… (mais)
 
Marcado
JuliaBoechat | Mar 29, 2013 |

Estatísticas

Obras
5
Also by
1
Membros
6
Popularidade
#1,227,255
Avaliação
½ 4.7
Resenhas
2
ISBNs
1