Kazuo Ishiguro

O enredo é enganodoramente simples: apresenta um velho mordomo (Stevens) que reencontra uma amiga e ex-colega de trabalho, a Sra. Benn, sobrenome de solteira Kenton, governanta de Darlington Hall. Através de uma série de vinhetas podemos ver como eram "os velhos tempos", como a Sra. Kenton veio para Darlington Hall, como ela e Stevens inicialmente não se davam bem devido ao fato de que o pai de Stevens era um homem doente e vacilava em seus deveres como submordomo. Com o tempo, os dois formam uma equipe de trabalho e o enredo insinua que poderá haver mais intimidade entre eles. Vemos como Lord Darlington, um homem um tanto ou quanto pomposo, é progressivamente revelado como um simpatizante nazista e comete erros fatais - que não passam despercebidos ao deputado americano Lewis, que, uma noite, em brinde a Lord Darlington, chama os diplomatas europeus de "amadores" porque estão operando com boa vontade para com o nazismo e sem qualquer espírito prático. Stevens é um homem que renunciou a qualquer manifestação externa de emoção e personalidade em favor de se tornar um "servo perfeito". Este, é escusado dizer, representa o traço que lhe arruina a vida e o tranca numa gaiola dourada onde está condenado a continuar, havendo o mundo mudado, e como! Trata-se de um romance eivado de tons políticos sombrios, transcorrido num período em que a Inglaterra avançava inadvertidamente em direção à guerra e a velha sociedade – leia-se a tradição – estava prestes a entrar em colapso para abrir caminho para o novo caminho. Os vestígios do dia são também, portanto, uma metonímia para os vestígios do que fora até então hierático e conservador.… (mais)